Guia Técnico para Escolha de Raquetes de Tênis
Se você joga tênis — seja como iniciante ou jogador experiente — e está buscando a raquete ideal, este guia foi feito especialmente para você.
Mais do que uma escolha estética ou de marca, a raquete influencia diretamente sua performance, seu estilo de jogo e até a saúde dos seus braços e articulações. Neste guia técnico, você encontra tudo o que precisa saber para fazer uma escolha consciente e personalizada: explicamos as diferenças entre raquetes voltadas para potência e controle, detalhamos as especificações técnicas que impactam seu desempenho, discutimos os riscos de lesões relacionados ao equipamento, abordamos cordas, tensões, tecnologias e muito mais.
Aqui você encontrará um conteúdo completo, pensado para quem quer escolher uma raquete com segurança e eficiência.
Raquetes para Potência vs. Controle: Diferenças Fundamentais
Escolher uma raquete geralmente envolve um equilíbrio entre potência e controle. Os fabricantes ajustam variáveis de design — como tamanho da cabeça, peso, equilíbrio, rigidez do aro, espessura da armação (beam) e padrão de encordoamento — para tornar uma raquete mais voltada para potência ou controle:
- Tamanho da Cabeça: Uma cabeça maior (>100 pol²) oferece um sweet spot maior e mais potência, enquanto uma cabeça menor (<98 pol²) proporciona maior precisão e controle. Em geral, quanto maior a cabeça, maior a potência e o perdão nos erros; quanto menor, maior o controle. Jogadores avançados tendem a preferir cabeças menores pela precisão, enquanto iniciantes se beneficiam da potência fácil e da margem de erro das cabeças oversize.
- Peso e Balanço: Raquetes mais pesadas (11,5 a 12+ oz / 326 a 340+ g) geram uma potência mais estável e transmitem menos vibração, enquanto raquetes mais leves são mais fáceis de manusear e girar rapidamente (mais manobráveis). Notavelmente, uma raquete pesada "vence o impacto", atravessando a bola com menos choque para o braço. O equilíbrio também é crucial: raquetes voltadas para controle geralmente têm balanço para a cabeça leve (head-light), concentrando o peso no cabo para maior manobrabilidade. Raquetes para potência são frequentemente mais leves, porém com peso na cabeça (head-heavy), o que adiciona estabilidade mesmo em armações leves. Um balanço intermediário oferece uma solução de compromisso.
- Rigidez do Aro (RA): A rigidez é medida pela escala RA; quanto maior o valor, mais rígida e menos flexível é a raquete. Raquetes rígidas (RA >68) se dobram menos no impacto, absorvem menos energia e devolvem mais para a bola (mais potência). Já raquetes flexíveis (RA <63) dobram mais, absorvendo mais energia e gerando menos potência, mas oferecendo mais tempo de contato com a bola e sensação de controle. Ou seja, raquetes rígidas "perdem menos energia da bola", enquanto as flexíveis absorvem mais. Muitos profissionais com swings longos preferem raquetes flexíveis pelo controle e sensibilidade superiores, enquanto iniciantes podem optar por alguma rigidez para facilitar a profundidade das bolas. Vale destacar que raquetes muito rígidas transmitem mais choque ao braço — quem tem histórico de lesão deve buscar modelos com RA em torno de 66 ou menos.
- Espessura da Armação (Beam): Refere-se à espessura do aro da raquete. Armações mais espessas (ex: 26–30 mm) tornam a raquete mais rígida e potente (menos flexão no impacto), porém mais difíceis de controlar. Armações finas (18–22 mm) flexionam mais, proporcionando maior controle e sensação ao custo de alguma potência. De maneira geral, uma armação mais espessa favorece potência, enquanto uma mais fina favorece controle. Raquetes para iniciantes tendem a ter armações mais grossas, e raquetes de "jogador" usam armações finas para precisão.
- Padrão de Encordoamento: Um padrão aberto (ex: 16x19) possui menos cordas, permitindo maior movimentação e deformação. Isso resulta em ângulo de saída maior e mais energia de retorno — o que facilita potência e spin — mas com ligeira perda de controle direcional e menor durabilidade das cordas. Um padrão fechado (ex: 18x20) possui mais cordas transversais que limitam o movimento, gerando menor ângulo de saída e uma sensação mais firme e controlada (menos efeito trampolim). Padrões abertos tendem a "gerar mais spin e potência", enquanto os fechados oferecem mais controle e regularidade. Jogadores que abusam do topspin geralmente preferem 16x19, enquanto quem joga com batidas planas ou busca precisão opta por 18x20.

Resumo:
Raquetes voltadas para potência normalmente apresentam cabeça maior, menor peso (geralmente com peso na cabeça), aro mais rígido, armação mais espessa e padrão de cordas aberto — tudo para ampliar o sweet spot e facilitar a saída de bola. Raquetes para controle têm cabeça menor, peso mais alto (com balanço para o cabo), aro mais flexível, armação mais fina e padrão de cordas fechado — favorecendo controle, estabilidade e sensação, com menor potência bruta.
Tabela 1 – Comparação entre Raquetes para Potência e Controle
Esta tabela compara as principais características entre raquetes voltadas para potência e raquetes voltadas para controle.
Especificação | Raquete para potência | Raquete para controle |
---|---|---|
Tamanho da cabeça | Maior (100–135 pol²) – maior área de batida e mais potência | Menor (85–98 pol²) – maior precisão, menos potência |
Peso | Mais leve (<310 g) – fácil de manusear, mas pode ser instável | Mais pesada (≥320 g) – mais estável, menos vibração |
Balanço | Peso na cabeça ou balanceada – adiciona estabilidade e potência | Peso no cabo (head-light) – mais controle e manuseio |
Rigidez (RA) | Alta (>68 RA) – armação rígida, mais potência e vibração | Baixa (<63 RA) – armação mais flexível, mais conforto |
Espessura da armação (Beam) | Espessa (25–30 mm) – mais rigidez e potência | Fina (18–22 mm) – mais controle e sensibilidade |
Padrão de encordoamento | Aberto (ex: 16x19) – mais efeito e potência, menos controle | Fechado (ex: 18x20) – mais controle e consistência |
Tensão das Cordas: Controle vs. Potência
A tensão das cordas — ou seja, o quão esticadas estão no momento do encordoamento — tem impacto direto no desempenho da raquete. A maioria das raquetes possui uma faixa recomendada de tensão entre aproximadamente 22 a 27 kg (50–60 libras). Dentro dessa faixa:
- Maior tensão = mais controle
- Menor tensão = mais potência
A regra geral é: Cordas mais esticadas oferecem mais controle e menos potência, enquanto cordas mais soltas oferecem mais potência, um sweet spot maior, mas menos controle.
Tensões Altas (ex: 25–29 kg / 55–65 lbs)
As cordas estão muito esticadas, deixando a cama de cordas mais firme. A bola permanece menos tempo em contato com as cordas (menor tempo de permanência), gerando pouco efeito trampolim e uma resposta previsível, com ângulo de saída mais baixo. Isso é ideal para controle e precisão — o jogador pode aplicar bastante força sem que a bola escape muito. Jogadores que já geram muita potência (swing rápido) costumam preferir tensões altas para manter a bola dentro da quadra.
Desvantagens: Menor potência, menor absorção de impacto, aumento da vibração e risco de sobrecarga no braço. Cordas se movimentam menos, o que pode ser desejado para consistência no topspin, mas também transmite mais choque.
Resumo: Mais tensão = mais precisão, menos potência.
Tensões Baixas (ex: 20–23 kg / 45–50 lbs)
Uma cama de cordas mais solta atua como trampolim, lançando a bola com maior velocidade e ampliando o sweet spot — o que perdoa mais os erros de batida fora do centro. Ideal para iniciantes ou jogadores que buscam potência “gratuita”.
Vantagens: Maior conforto, mais potência, mais spin (a bola afunda mais nas cordas, que se movem e voltam com efeito).
Desvantagens: Menor controle — a bola pode sair longa se o swing não for ajustado. O toque pode parecer mais “mole” e imprevisível.
Resumo:
Menos tensão = mais potência e conforto, menor controle.
Tensão e Biomecânica do Impacto
Fisicamente, quando a tensão é mais baixa, a cama de cordas deflete mais — a bola afunda mais profundamente, esticando as cordas e permitindo um retorno elástico maior (efeito de estilingue). Com tensão alta, a cama de cordas quase não deflete — o tempo de contato é mais curto, e menos energia é devolvida à bola, resultando em menor velocidade e mais controle.
Além disso, tensões altas transferem mais vibração diretamente ao aro da raquete e, consequentemente, ao braço. Tensões baixas distribuem melhor a energia do impacto, diminuindo o pico de força que chega ao cotovelo.
Spin (Efeito) e Tensão
O efeito da tensão no spin é curioso: cordas soltas podem aumentar o spin porque permitem maior embutimento da bola e mais snapback das cordas. No entanto, jogadores avançados também preferem tensões mais altas para swingar com mais força sem perder controle — o padrão firme da cama de cordas permite maior previsibilidade no contato com a bola. Por isso, jogadores de topspin geralmente preferem uma tensão média (ex: 23–26 kg) — o suficiente para swing potente, mas sem perder a elasticidade.
Conforto e Prevenção de Lesões
Estudos biomecânicos mostram que cordas com menor tensão transmitem significativamente menos força ao cotovelo. “Menor tensão = menor pico de aceleração no impacto”, o que é essencial para prevenir e tratar a epicondilite lateral (cotovelo de tenista).
Na prática clínica: Reduzir a tensão em 2–5 kg pode melhorar o conforto de forma notável. Já tensões altas, especialmente combinadas com cordas rígidas, aumentam a carga no braço e podem agravar ou desencadear lesões.
Resumo clínico: Encontre a tensão mais baixa possível que ainda permita controlar seus golpes — isso maximiza tanto a potência quanto a proteção para o braço.
Recomendações Gerais
- Comece no meio da faixa sugerida pelo fabricante (~25 kg)
- Se precisa de mais potência ou sente desconforto no braço, reduza a tensão em 2–3 kg
- Se busca mais controle, aumente 1–2 kg
- Sempre faça ajustes graduais e dentro da faixa recomendada
- Evite ultrapassar os limites especificados pelo fabricante — tensões excessivamente altas podem danificar a raquete ou causar desconforto extremo, e tensões muito baixas podem tornar o controle impossível
Tabela 2 – Tensão das Cordas: Impacto na Performance e na Saúde do Braço
A escolha da tensão influencia diretamente na potência, controle e conforto durante o jogo. Esta tabela resume os efeitos da variação da tensão sobre o desempenho e risco de lesões.
Tensão das Cordas | Características | Conforto para o braço | Indicado para | Risco de lesão |
---|---|---|---|---|
Alta (acima de 26 kg) | Maior controle, menos potência; menor tempo de contato com a bola | Baixo – transmite mais vibração para o braço | Jogadores avançados com swing rápido e precisa de controle | Aumentado – maior rigidez e vibração |
Média (23–25 kg) | Equilíbrio entre potência e controle; boa margem para adaptação | Moderado – confortável para a maioria | Intermediários ou quem quer equilíbrio | Moderado – depende da técnica e do tipo de corda |
Baixa (abaixo de 22 kg) | Maior potência, maior zona de batida; mais tempo de contato com a bola | Alto – absorve mais impacto, reduz carga no cotovelo | Iniciantes, jogadores com dor ou que buscam conforto | Reduzido – menor transmissão de choque |
Tipos de Corda: Materiais e Efeitos sobre Desempenho e Lesões
O tipo de corda usada na raquete é tão importante quanto a tensão. As cordas influenciam diretamente a sensação no impacto (maciez vs. rigidez), potência, spin (efeito) e conforto geral. Os principais tipos incluem:
1. Tripa Natural (Natural Gut)
Fabricada a partir de fibras naturais (intestino bovino), é o padrão-ouro em conforto e desempenho. Suas principais características são:
- Elasticidade e absorção de impacto superiores
- Excelente potência e toque
- Altamente indicada para jogadores com dor ou lesões no braço
- Mantém a tensão por mais tempo do que qualquer corda sintética
- Boa geração de spin (snapback eficiente)
Desvantagens: Alto custo, sensível à umidade, e baixa durabilidade (principalmente para quem gera muito topspin).
Indicação: Para jogadores com
epicondilite ou sensibilidade no braço que priorizam conforto e desempenho, mesmo com custo elevado.
2. Multifilamento (Multifilament)
São cordas sintéticas (geralmente de nylon) formadas por centenas de filamentos entrelaçados para imitar a tripa natural. Principais vantagens:
- Sensação macia e muito confortável
- Boa potência e absorção de impacto
- Custo mais acessível que a tripa natural
- Indicada para quem busca conforto sem abrir mão de desempenho
Desvantagens: menor durabilidade, perde tensão mais rápido que outras cordas, pode parecer “elástica demais” para quem prefere firmeza.
Indicação: jogadores com tendinites, iniciantes, intermediários, ou quem quer um setup confortável e potente sem o custo da tripa.
Exemplos: Wilson NXT, Tecnifibre NRG2, Babolat Xcel.
3. Nylon (Synthetic Gut)
Corda mais comum em raquetes de entrada, com núcleo sólido e revestimento externo. Características:
- Boa relação custo-benefício
- Desempenho equilibrado: conforto, potência e controle razoáveis
- Mais confortável que poliéster, mas menos que multifilamento
Desvantagens: não se destaca em nenhum aspecto específico; pode durar menos dependendo da intensidade do jogo.
Indicação: ótima escolha para jogadores recreativos ou iniciantes que não querem investir muito, mas buscam uma sensação decente e alguma proteção para o braço.
4. Poliéster (Monofilamento/Co-Poly)
Cordas feitas de um único filamento de poliéster ou copolímeros. São as favoritas entre jogadores avançados e profissionais. Características:
- Muito controle e durabilidade
- Excelente para gerar spin (snapback eficiente)
- Superfície geralmente lisa, ajuda no efeito
Desvantagens: São duras, rígidas e com baixa absorção de impacto – transmitem mais vibração para o braço.
Risco elevado de lesões como epicondilite, principalmente se usadas com tensão alta.
Indicação: Apenas para jogadores intermediários/avançados, com técnica refinada, swing rápido e sem histórico de lesão.
Dica: Use em tensões mais baixas (20–24 kg) para compensar a rigidez. Muitos profissionais usam cordas de poliéster entre 20–23 kg para ter mais conforto e efeito.
5. Kevlar (Aramida)
Cordas extremamente rígidas e duráveis, muito mais que o poliéster. Hoje em dia, pouco usadas devido ao risco elevado de lesões.
Geralmente aparecem em setups híbridos (Kevlar nas verticais, nylon nas horizontais).
- Controle e durabilidade altíssimos
- Risco muito alto de dor no braço ou cotovelo
Indicação: Não recomendada para quem tem ou quer evitar lesões. Se usada, deve ser com tensão muito baixa e em combinação com cordas macias.
6. Encordoamento Híbrido (Hybrid)
Combinação de dois tipos de corda: um nas verticais (main strings), outro nas horizontais (cross strings). Exemplo comum: poliéster nas verticais e multifilamento ou tripa nas horizontais.
- Busca equilibrar controle + conforto
- Reduz rigidez das cordas de poliéster
- Aumenta durabilidade sem sacrificar tanto o toque
Exemplo famoso: Roger Federer usava tripa natural nas verticais e poliéster nas horizontais.

Impacto no Risco de Lesões
- Cordas
macias (tripa, multifilamento, nylon) absorvem melhor o impacto →
menor risco de lesões como a epicondilite
- Cordas
rígidas (poliéster, kevlar) transmitem mais choque →
maior risco de dor no cotovelo e antebraço
Um setup com raquete rígida + corda dura + tensão alta é
a receita perfeita para lesão.
Por outro lado, uma raquete flexível com corda macia e tensão moderada é o mais amigável para o braço.
Espessura da Corda (Gauge)
- Mais fina (17/18 gauge): mais elasticidade, conforto, spin e sensação
- Mais grossa (15/16 gauge): mais durabilidade, sensação mais firme
Recomenda-se para conforto: corda macia, espessura média, tensão moderada.
Importante: Até cordas boas perdem elasticidade com o tempo. Mesmo que não quebrem, cordas “mortas” transmitem mais choque. Faça a troca regularmente!
Tabela 3 – Tipos de Corda e seus Efeitos na Performance e Conforto
Esta tabela apresenta os principais tipos de corda disponíveis no mercado, suas características de jogo e impacto sobre o conforto e risco de lesões.
Tipo de Corda | Características | Conforto para o braço | Recomendada para |
---|---|---|---|
Tripa Natural | Máximo conforto e potência; excelente absorção de impacto; cara e sensível à umidade | Excelente – recomendada para epicondilite | Jogadores com dor ou em reabilitação |
Multifilamento | Boa potência e conforto; alternativa mais barata à tripa natural; durabilidade moderada | Muito boa – indicada para quem sente dor | Intermediários com foco em conforto |
Sintética (Nylon) | Desempenho equilibrado; boa relação custo-benefício; moderadamente confortável | Boa – adequada para recreativos | Iniciantes e recreativos |
Poliéster (Monofilamento) | Alta durabilidade e controle; ideal para topspin; muito rígida e menos confortável | Baixo conforto – pode causar ou piorar dor | Avançados com swing rápido e sem dor |
Kevlar (Aramida) | Extremamente durável e rígida; alto risco de lesão; usada apenas em híbridas | Muito baixa – alto risco de lesão | Casos extremos de quebra frequente (com muito cuidado) |
Híbrida | Combina corda dura (p.ex. poliéster) com corda macia (multi ou natural); equilíbrio entre performance e conforto | Depende da combinação – pode balancear conforto e durabilidade | Jogadores que querem desempenho com menos impacto |
Tamanho do Cabo (Grip Size): Como Encontrar o Ideal e Seu Impacto
Selecionar o tamanho correto do cabo da raquete é essencial tanto para o desempenho quanto para a prevenção de lesões. O grip size se refere à circunferência do cabo, normalmente medida em polegadas nos EUA, variando de 4" (tamanho 0) até 4 ¾" (tamanho 5). No Brasil, muitas marcas usam a numeração europeia (0 a 5) — quanto maior o número, mais grosso o cabo.
Usar um grip muito fino ou muito grosso pode comprometer a técnica e sobrecarregar músculos e articulações do membro superior.
Como medir o tamanho do cabo ideal – dois métodos práticos:
- Teste do dedo indicador:
- Segure a raquete com empunhadura continental (como se fosse apertar a mão de alguém).
- Com a outra mão, tente encaixar o dedo indicador no espaço entre a base dos dedos e a parte interna da palma.
- Se o dedo encaixa com folga: o cabo pode estar grande demais.
- Se não cabe: o cabo está pequeno demais.
- Método da régua:
- Estenda a mão dominante com os dedos juntos.
- Posicione uma régua do centro da palma (linha inferior da mão) até a ponta do dedo anelar.
- A medida (em polegadas) corresponde ao tamanho de grip ideal. Ex: 4 3/8" = grip 3.
Dica prática: Se estiver entre dois tamanhos, escolha o menor. É mais fácil aumentar o grip com overgrip do que diminuir (a maioria dos cabos não pode ser lixada).

Por que o tamanho do cabo importa?
✅ Controle e Técnica:
- Um grip adequado permite melhor controle do ângulo da raquete e estabilidade na batida.
- Grip pequeno demais: exige mais força para segurar a raquete, o que ativa excessivamente punho e antebraço → maior instabilidade e fadiga.
- Grip grande demais: restringe a mobilidade do punho, dificulta pronar ou girar a raquete → afeta spin e trocas de empunhadura.
Em resumo:
- Grip pequeno demais = punho hiperativo, instável
- Grip grande demais = punho travado, menos efeito e agilidade
✅ Conforto e Fadiga:
- Um grip muito fino obriga o jogador a apertar demais → sobrecarga nos músculos flexores/extensores → fadiga precoce e risco de dor.
- Um grip muito grosso pode forçar a abertura da mão, dificultando firmeza e trocas rápidas.
✅ Risco de Lesões:
- Uso prolongado de grip inadequado está associado a lesões como:
- Epicondilite lateral (cotovelo de tenista)
- Tendinites no punho ou ombro
- Entorses e sobrecargas articulares
Grips pequenos em excesso são especialmente citados como fator de risco para epicondilite, pois induzem tensão nos extensores do antebraço.
O que dizem os estudos?
Alguns estudos biomecânicos indicam que o tamanho do grip sozinho não altera de forma significativa a carga sobre o cotovelo — ou seja, não há um “tamanho mágico” que previne lesões.
A melhor escolha é a que proporciona conforto e controle, sem exigir esforço excessivo para segurar a raquete.
Ajustes de Tamanho do Grip
- Overgrip: aumenta cerca de 1/16" (0,16 cm). Pode ser usado para engrossar levemente o grip.
- Mangas de aquecimento (heat-shrink sleeves): aumentam o grip em um tamanho completo (~1/8").
- Diminuir grip: não é recomendado, pois desgastar o cabo (geralmente em grafite) pode comprometer a integridade da raquete.
Dica final: observe sinais de fadiga no braço ou instabilidade no jogo. Se presentes, vale testar um grip diferente como fator causal.
Resumo geral:
- Escolha um grip que fique firme, mas confortável.
- Você não deve precisar apertar com força excessiva, nem sentir que a raquete “gira” na mão.
- O grip ideal permite firmeza para batidas potentes e liberdade para efeito e trocas de empunhadura.
- A escolha correta pode melhorar seu jogo e prevenir lesões no longo prazo.
Outras Especificações e Tecnologias da Raquete: Peso, Swingweight, Comprimento, Absorção de Vibração e Seus Efeitos
Além das variáveis já discutidas, outras especificações de construção influenciam tanto o desempenho quanto o impacto da raquete sobre o braço e articulações do membro superior. As principais são:
Peso Total da Raquete
Já discutido na seção de potência vs. controle, mas vale reforçar sob o ponto de vista clínico:
- Raquetes mais pesadas transmitem menos vibração ao braço, desde que o jogador consiga manuseá-las com boa técnica.
- Um peso maior gera mais inércia: a raquete não é empurrada pela bola tão facilmente, absorvendo melhor o impacto.
- Isso resulta em
sensação mais estável e
menor transmissão de vibração para punho e cotovelo.
Atenção:
- Se a raquete for pesada demais para o jogador, há risco de fadiga muscular, atrasos no swing (o que pode sobrecarregar o ombro e cotovelo) e compensações técnicas.
- A chave é encontrar o peso
mais alto que o jogador consiga manusear com boa técnica e sem fadiga precoce.
Referência prática:
- Avançados: 325–355 g (11.5–12.5 oz)
- Intermediários: 300–320 g (10.5–11.3 oz)
- Iniciantes: até ~290 g (10.2 oz)
Dica: É possível adicionar pequenas quantidades de lead tape (chumbo adesivo) para aumentar a estabilidade se necessário.
Swingweight (Peso de Swing)
É o momento de inércia da raquete — quão pesada ela "parece" ao girar. Depende da distribuição do peso ao longo da raquete.
- Raquetes com peso concentrado na cabeça (alta swingweight) oferecem:
- Maior estabilidade
- Maior potência
- Menor vibração e torção no impacto
Porém, são mais difíceis de manobrar rapidamente.
Conforto articular:
- Swingweight mais alto = mais estável no impacto = menos torção e vibração no braço
- Swingweight muito baixo = raquete instável, vibra mais e transmite mais impacto
Faixas recomendadas:
- Avançados: 320–340 SW
- Intermediários: 300–320 SW
- Iniciantes: 280–300 SW (mas atenção à estabilidade)
A recomendação para quem tem dor no braço é usar o maior swingweight possível que ainda permita boa técnica e conforto.
Comprimento da Raquete
- O comprimento padrão é 27" (68,6 cm)
- Raquetes “extendidas” podem ter 27.5" até 28"
Vantagens da raquete longa:
- Maior alavancagem nos saques
- Alcance maior em bolas distantes
Desvantagens biomecânicas:
- Aumenta o swingweight
- Aumenta o torque no braço (maior alavanca → maior força nas articulações)
- Pode agravar dores no cotovelo e ombro
Recomendação clínica: Para quem busca conforto articular ou tem histórico de dor no cotovelo, prefira raquetes com comprimento padrão (27").
Extensões de até 0,25" (0,6 cm) podem ser toleráveis, mas devem ser testadas com cautela.
Tecnologias de Absorção de Vibração
Muitas marcas implementam soluções estruturais para reduzir a vibração e melhorar o conforto. Elas podem estar no cabo, na armação ou em materiais internos.
🔹 Amortecimento no Cabo
- Yonex – VDM (Vibration Dampening Mesh): malha elástica que envolve o grafite no cabo → reduz até 30% da vibração
- Wilson – Countervail: camada de carbono projetada para absorver vibrações
- HEAD – Auxetic: material que se adapta ao impacto, oferecendo amortecimento dinâmico
🔹 Construção da Armação
- ProKennex – Tecnologia Kinetic: microesferas móveis dentro de compartimentos na armação. Absorvem a energia do impacto com alta eficiência.
- Muito eficaz na redução de vibração — jogadores com epicondilite frequentemente relatam melhora imediata
- Babolat – Cortex Pure Feel: filamento viscoelástico na estrutura, filtra vibrações em quadros mais rígidos
- Prince – Textreme com Twaron: fibras de aramida para absorção de impacto e estabilidade
- Volkl – CATapult, REVA, Soft Butt Cap: sistemas que aumentam a flexão e reduzem vibração
🔹 Observação sobre Antivibradores
- Os pequenos acessórios de borracha colocados entre as cordas
não reduzem significativamente o choque biomecânico real.
- Eles apenas eliminam vibrações de alta frequência (mudam o som do impacto).
- Para proteção articular real, confie nas tecnologias estruturais ou em cordas mais macias.
O que mais importa para Prevenir Lesões?
Estudos e a experiência clínica indicam que os fatores mais críticos para proteção do braço são:
🔺 Risco elevado de lesão:
- Raquete leve
- Balanço com peso na cabeça
- Armação rígida (RA alto)
- Corda rígida
- Tensão alta
✅ Configuração mais segura:
- Raquete mais pesada (mas confortável)
- Balanço para o cabo (head-light)
- Armação flexível
- Corda macia (tripa, multifilamento)
- Tensão moderada a baixa
“Stiff frame + stiff string + high tension = Receita para epicondilite”
Recomendações de Raquetes Confortáveis para Cotovelo de Tenista e Condições Relacionadas
Para jogadores com epicondilite lateral (cotovelo de tenista) ou em risco de desenvolvê-la, escolher uma raquete que minimize vibração e choque é fundamental. Com base nos fatores discutidos nas seções anteriores, as características ideais são:
- Armação flexível (RA baixo)
- Peso moderado a alto
- Balanço para o cabo (head-light)
- Sweet spot amplo
- Tecnologias integradas de absorção de vibração
- Encordoamento com cordas macias e tensão controlada
Abaixo estão modelos altamente recomendados por jogadores e especialistas por sua boa tolerância articular, sendo frequentemente indicados para quem apresenta dor no cotovelo, punho ou ombro:
🎾 1. Wilson Clash 100
- Destaque: uma das raquetes mais flexíveis já fabricadas (RA ~55)
- Tecnologia: carbono com geometria FreeFlex + StableSmart → permite flexão sem perda de estabilidade
- Resultado: toque extremamente macio, ótima potência e conforto superior
- Especificações: cabeça de 100 pol², padrão 16x19, peso ~312 g encordoada, leve head-light
🔹 Ideal para: Jogadores com dor no braço que querem conforto sem perder potência
🔹
Opção mais tolerante: Clash 108 → cabeça maior e ainda mais macia
🎾 2. ProKennex Kinetic Q+ 5 Pro (ou outras da linha)
- Destaque: referência absoluta em proteção articular
- Tecnologia Kinetic: microesferas móveis que absorvem e dissipam energia no impacto
- Mesmo com rigidez moderada (RA ~66), o sistema reduz drasticamente o choque transmitido ao braço
- Especificações: ~326 g encordoada, head-light, padrão 16x20
🔹 Ideal para: Tenistas intermediários/avançados com dor no braço ou ombro
🔹
Outras opções: Ki 5 (300g), Ki 10 (305g), Ki 15 (leve, para mais conforto)
🎾 3. Prince Phantom 100X 305
- Destaque: sensação clássica com máxima flexibilidade (RA <60)
- Tecnologia: fibras de Textreme + Twaron (aramida) na construção → excelente amortecimento
- Armação ultrafina (18 mm em alguns trechos), padrão 16x18 para bom spin
- Especificações: 305 g, head-light
🔹 Ideal para: Jogadores com swing próprio que priorizam conforto acima de potência bruta
🎾 4. Head Gravity Pro ou Gravity MP
- Destaque: cabeça redonda e sweet spot elevado, que aumentam a área de contato tolerável
- Tecnologia: construção Auxetic no coração da raquete + RA flexível (~62 no Pro, ~64 no MP)
- Gravity Pro é mais pesada (~332 g encordoada), padrão 18x20 para controle máximo
- Gravity MP é mais leve (~310 g encordoada), padrão 16x20 mais versátil
🔹 Ideal para: Jogadores intermediários/avançados que desejam raquete moderna com foco em conforto
🔹
Nota: Sweet spot generoso e estabilidade ajudam a reduzir vibração
🎾 5. Yonex Percept 97 / VCore Pro
- Destaque: substituta da linha VCore Pro, com excelente flexibilidade (RA 59–63)
- Tecnologia: malha VDM (Vibration Dampening Mesh) no cabo → reduz vibração em ~30%
- Formato isométrico da cabeça aumenta o sweet spot, mesmo em versões menores (ex: 97 pol²)
- Modelos:
- Percept 97H: 330 g (avançados)
- Percept 97: 310 g
- Percept 100: 300 g (mais fácil de usar)
🔹 Ideal para: Quem quer uma raquete tradicional, confortável e com boa precisão
🔹Destaque clínico: Toque extremamente suave com baixa transmissão de choque
🎾 6. Volkl C10 Pro
- Destaque: modelo clássico (anos 90), ainda em produção por sua excepcional sensação macia (RA ~58)
- Tecnologia: amortecimento interno na empunhadura (foam + barra de torção)
- Raquete mais pesada (~346 g encordoada), armação fina (19–20 mm), 98 pol²
🔹 Ideal para: Jogadores experientes com técnica refinada que buscam conforto máximo
🔹Outras opções da marca: V-Feel V1, V-Cell 8 → versões mais modernas com foco em conforto
Menções Honrosas (arm-friendly):
- Dunlop CX 400 Tour (RA ~66 com EVA foam – Sonic Core)
- Tecnifibre TF-X1 ou TF40 (raquetes recentes com absorção de impacto)
- Angell K7 Lime/Red (marca de boutique com foco em conforto)
- Yonex EZONE 98 (mais rígida, mas bem tolerada graças ao VDM e cabeça isométrica)
❌ Raquetes menos indicadas para quem tem dor:
- Babolat Pure Drive / Pure Aero: cabeça 100", beam espesso, RA ~70 → muita rigidez
- Head Extreme: potência e spin, mas alto impacto
- Wilson Ultra: armação dura e mais vibração
⚠️ Se o paciente for usar raquetes como essas, deve ajustar: tensão baixa, corda macia, e adicionar peso ao aro para melhorar estabilidade.
✅ Por que essas raquetes são melhores para o cotovelo:
- Menor rigidez (RA) → menor choque no impacto
- Balanço para o cabo + swingweight moderado → mais estabilidade, menos torção
- Tecnologias de amortecimento → menor transmissão de vibração ao cotovelo e punho
- Sweet spot amplo → mais tolerância em batidas fora do centro
- Permitem manter o desempenho sem sobrecarregar o sistema músculo-esquelético
Conclusão clínica:
Combinar raquetes arm-friendly com encordoamentos adequados (cordas macias, tensão moderada) é o melhor caminho para quem deseja jogar sem dor e reduzir o risco de agravamento da epicondilite lateral.
Dr. Leonardo Zanesco | Ortopedista para Ombro e Cotovelo em SP
Se você sente dores no ombro, cotovelo ou antebraço durante ou após as partidas, é importante procurar avaliação médica. A escolha da raquete e das cordas pode impactar diretamente na sua biomecânica e causar lesões como a epicondilite lateral (cotovelo de tenista), que exigem acompanhamento especializado.
Sou o Dr. Leonardo Zanesco, ortopedista com foco em cirurgia do ombro e cotovelo, especialista em tratar esportistas e praticantes de atividades físicas, inclusive amadores.
Com formação pela Santa Casa de São Paulo, especialização no Hospital das Clínicas da USP e estágio internacional na Mayo Clinic — um dos hospitais mais respeitados do mundo —, uno experiência prática, conhecimento científico e constante atualização para oferecer um atendimento técnico, humano e personalizado.
Se você busca orientação sobre prevenção de lesões, dor crônica ou quer retomar sua prática esportiva com segurança,
entre em contato e vamos conversar.