O que é o Plasma Rico em Plaquetas (PRP)? Uma Visão Geral

Leonardo Zanesco • 30 de agosto de 2024

O Plasma Rico em Plaquetas (PRP) é uma intervenção terapêutica inovadora que se destaca no campo da medicina regenerativa. É utilizado para promover a cura e regeneração de tecidos, sendo especialmente eficaz em ortopedia e medicina esportiva. Este tratamento envolve a concentração de plaquetas autólogas em um pequeno volume de plasma, que, quando injetado em áreas lesionadas, pode acelerar o processo de cicatrização e regeneração tecidual. Continue lendo e entenda mais sobre o PRP, suas aplicações e como ele promove a regeneração.


O que são Plaquetas?


As plaquetas são
células sanguíneas essenciais para a coagulação do sangue. Elas são menores do que outras células sanguíneas, não possuem núcleo (anucleadas) e são produzidas na medula óssea.


A principal função das plaquetas é a de participar na coagulação sanguínea, processo crucial para a cicatrização de feridas. Quando ocorre um dano a um vaso sanguíneo, as plaquetas são ativadas e agregam-se no local da lesão para formar um "tampão" que ajuda a estancar o sangramento. Além disso, as plaquetas liberam substâncias químicas que ativam a cascata de coagulação, resultando na formação de um coágulo de fibrina que reforça o tampão plaquetário, estabilizando o coágulo e promovendo a cura do tecido danificado.

Histórico do Desenvolvimento do Plasma Rico em Plaquetas


O uso de PRP teve início na década de 1970, inicialmente na área de hematologia, onde foi usado como terapia de suporte em pacientes com plaquetopenia. Com o avanço das técnicas de separação celular e centrifugação, a capacidade de concentrar plaquetas em volumes menores de plasma tornou-se possível, ampliando as aplicações do PRP para outras áreas médicas.


Nos anos 1990, o PRP começou a ser explorado em cirurgia plástica e maxilofacial, devido à sua capacidade de acelerar a cicatrização de feridas e enxertos ósseos. Rapidamente, o PRP se expandiu para a ortopedia, onde mostrou benefícios no tratamento de lesões em tendões, ligamentos, músculos e articulações. Desde então, a pesquisa científica sobre PRP cresceu exponencialmente, com inúmeros estudos clínicos e pré-clínicos investigando sua eficácia em diversas condições musculoesqueléticas.

Diferença entre PRP Rico em Leucócitos (LR) e PRP Pobre (LP) em Leucócitos


O PRP pode ser classificado em duas formas principais: PRP rico em leucócitos (LR-PRP) e PRP pobre em leucócitos (LP-PRP). A diferença entre essas formas está na concentração de leucócitos (glóbulos brancos) presentes na preparação.

PRP Rico em Leucócitos (LR-PRP)


O LR-PRP contém uma quantidade significativa de leucócitos além das plaquetas. Os leucócitos são células imunológicas que desempenham um papel crucial na resposta inflamatória. A presença de leucócitos no PRP teria uma
vantagem teórica de intensificar a resposta inflamatória no local da aplicação. No entanto, a inflamação exacerbada pode, em alguns casos, levar a efeitos colaterais indesejados, como dor prolongada e aumento da rigidez articular. Em geral, os estudos apontam que o LR-PRP parece ser uma alternativa inferior ao LP-PRP.

PRP Pobre em Leucócitos (LP-PRP)


O P-PRP, por outro lado, é caracterizado por uma concentração reduzida de leucócitos. O LP-PRP têm sido amplamente utilizado em
tratamentos que visam reduzir a dor e melhorar a função.

Como o PRP Promove a Regeneração Tecidual: Aspectos da Ciência Básica e Biologia Celular


O mecanismo de ação do PRP na regeneração tecidual está intimamente relacionado à alta concentração de fatores de crescimento que ele contém. As plaquetas são ricas em grânulos alfa, que armazenam e liberam uma variedade de fatores de crescimento quando ativadas. Entre os fatores de crescimento mais importantes presentes no PRP estão:


  • Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas (PDGF): Estimula a proliferação de células mesenquimais e fibroblastos, essenciais para a formação de tecido conjuntivo e cicatrização de feridas.
  • Fator de Crescimento Transformador Beta (TGF-β): Promove a síntese de matriz extracelular e colágeno, além de modular a resposta inflamatória.
  • Fator de Crescimento Endotelial Vascular (VEGF): Induz a angiogênese, que é a formação de novos vasos sanguíneos, crucial para fornecer oxigênio e nutrientes ao tecido em reparação.
  • Fator de Crescimento Insulínico Tipo 1 (IGF-1): Estimula a proliferação celular e tem efeitos anabólicos sobre a regeneração de músculos, cartilagem e ossos.

Estágios da Regeneração Tecidual Induzida pelo PRP


O processo de regeneração tecidual promovido pelo PRP pode ser dividido em várias fases, que refletem as etapas naturais de cicatrização do corpo:

  1. Inflamação: Após a aplicação do PRP, os fatores de crescimento liberados pelas plaquetas estimulam a migração de células inflamatórias, como macrófagos, para o local da lesão. Essa fase inicial é crucial para a remoção de detritos celulares e patógenos, preparando o tecido para a fase seguinte de reparo.
  2. Proliferação: Durante esta fase, há uma proliferação de fibroblastos e células endoteliais, que são responsáveis pela formação de novo tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. Os fibroblastos produzem colágeno, uma proteína fundamental para a integridade estrutural dos tecidos.
  3. Remodelação: Na fase final, o novo tecido passa por um processo de maturação e remodelação. O colágeno inicialmente depositado é reorganizado e fortalecido, resultando em um tecido mais resistente e funcional.

Aplicações Clínicas do PRP em Ortopedia

O PRP tem sido amplamente utilizado em várias condições ortopédicas devido à sua capacidade de acelerar a cicatrização e melhorar a qualidade do tecido regenerado. Algumas das aplicações mais comuns incluem:

  • Tendinopatias Crônicas: Condições como tendinite patelar, epicondilite lateral (cotovelo de tenista) e tendinopatia do manguito rotador têm mostrado bons resultados com o uso de PRP. O PRP estimula a regeneração do tendão, auxiliando no tratamento de quadros refratários às terapias convencionais.
  • Osteoartrite: Em pacientes com osteoartrite de joelho, ombro e outras articulações, o PRP tem demonstrado reduzir a dor e melhorar a função articular. Até o momento não foi demonstrado ser capaz de retardar a progressão da doença, no entanto.
  • Lesões Ligamentares: Lesões como entorses de tornozelo e lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) têm sido tratadas com PRP para acelerar a cicatrização e melhorar a qualidade do ligamento cicatrizado.

Quer saber mais sobre a medicina regenerativa na ortopedia? Leia os conteúdos:

Modalidades da Medicina Regenerativa na Ortopedia
Medicina Regenerativa na Ortopedia: Inovações e Benefícios

Desafios e Limitações do Uso de PRP


Embora o PRP tenha mostrado promissores resultados em várias áreas da medicina ortopédica, ainda existem desafios e limitações que precisam ser considerados.

Variabilidade na Preparação do PRP


Uma das maiores limitações do PRP é a falta de padronização na sua preparação. Diferentes sistemas de centrifugação e técnicas de coleta podem resultar em variações significativas na concentração de plaquetas e leucócitos, bem como na quantidade de fatores de crescimento presentes no produto final. Essa variabilidade pode influenciar diretamente a eficácia clínica do PRP, tornando difícil comparar resultados entre diferentes estudos e práticas clínicas.

Resposta Variável entre Pacientes


A resposta ao tratamento com PRP pode variar consideravelmente entre os pacientes, dependendo de fatores como idade, estado de saúde geral, e a gravidade da lesão. Além disso, o estágio da lesão (aguda ou crônica) também pode influenciar a eficácia do PRP. Pacientes mais jovens e com lesões em estágios iniciais tendem a responder melhor ao tratamento.

Necessidade de Estudos Clínicos de Alta Qualidade


Embora muitos estudos clínicos e revisões sistemáticas tenham mostrado benefícios do PRP em várias condições ortopédicas, ainda há uma necessidade de estudos clínicos de alta qualidade, com metodologias robustas, para determinar as indicações ideais, dosagem, frequência de aplicações e tipos de PRP que produzem os melhores resultados.

Considerações Finais


O PRP representa uma ferramenta poderosa no arsenal de tratamentos disponíveis para lesões musculoesqueléticas, especialmente para pacientes que buscam alternativas às terapias convencionais ou que desejam evitar intervenções cirúrgicas. Com a capacidade de acelerar a cicatrização e promover a regeneração tecidual, o PRP tem o potencial de melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

No entanto, para otimizar os resultados clínicos, é essencial que o tratamento seja administrado por um ortopedista experiente, que entenda as nuances do PRP e possa personalizar o tratamento de acordo com as necessidades específicas de cada paciente. Além disso, a pesquisa contínua e a padronização dos protocolos de PRP são fundamentais para maximizar seu potencial terapêutico e garantir que os pacientes recebam o melhor cuidado possível.

Com a aplicação adequada e baseada em evidências, o PRP pode ser um passo importante para a recuperação funcional e o alívio da dor, oferecendo uma solução inovadora e eficaz para aqueles que sofrem de lesões e condições crônicas no sistema musculoesquelético.

Medicina Regenerativa em SP | Conheça o Dr. Leonardo Zanesco 


Se você está em busca de um ortopedista com expertise e experiência em medicina regenerativa, sou o Dr. Leonardo Zanesco, formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Como cirurgião especializado em ombro e cotovelo, ofereço o mais alto padrão de cuidado, adaptado às suas necessidades específicas. Com vasta experiência em técnicas cirúrgicas tradicionais e inovadoras, minha prática é baseada na confiança, excelência e um profundo conhecimento na área.

Continue acompanhando o blog e me siga no Instagram para ficar por dentro das novidades e avanços na medicina regenerativa e ortopédica.


infiltração guiada por usg
Por Leonardo Zanesco 22 de abril de 2025
A infiltração guiada por USG oferece mais precisão no tratamento da dor e inflamação. Descubra como funciona e quais os benefícios desse procedimento.
lesão bíceps distal
Por Leonardo Zanesco 16 de abril de 2025
Descubra como diagnosticar e tratar a lesão do bíceps distal, uma condição que pode comprometer a força e mobilidade do braço. Saiba mais sobre causas e tratamentos.
células mesenquimais na síndrome do manguito rotador
Por Leonardo Zanesco 9 de abril de 2025
Descubra como o PRP e as células mesenquimais na síndrome do manguito rotador ajudam na regeneração tecidual e no alívio da dor, oferecendo soluções inovadoras.
ruptura do peitoral maior
Por Leonardo Zanesco 2 de abril de 2025
Ruptura do peitoral maior: Conheça desde sintomas e causas até as melhores intervenções e tratamentos disponíveis para uma recuperação eficaz.
aspirado de medula óssea
Por Leonardo Zanesco 26 de março de 2025
Conheça as diferenças entre o aspirado de medula óssea e a gordura microfragmentada como fontes de células mesenquimais, suas vantagens e aplicações médicas.
ácido hialurônico e medicina regenerativa
Por Leonardo Zanesco 12 de março de 2025
Conheça a relação entre ácido hialurônico e medicina regenerativa. Conheça seus usos, benefícios e como podem transformar tratamentos articulares e estéticos.
Ombro estalando
Por Leonardo Zanesco 10 de março de 2025
Ombro estalando pode ser decorrente do atrito natural entre os tecidos, ou indicar problemas estruturais que exigem atenção médica. Entenda mais.
Instabilidade do ombro
Por Leonardo Zanesco 7 de março de 2025
Além disso, abordagens da medicina regenerativa, como a terapia com células mesenquimais e o plasma
plasma rico em plaquetas artrose
Por Leonardo Zanesco 27 de fevereiro de 2025
Descubra como o plasma rico em plaquetas (PRP) está mudando o tratamento da artrose, promovendo regeneração articular e alívio da dor.
Rotura do tendão do bíceps
Por Leonardo Zanesco 25 de fevereiro de 2025
Descubra sobre a rotura do tendão do bíceps: tratamento, causas e opções de recuperação. Saiba como retomar suas atividades com segurança.
Mais Posts