Células Mesenquimais: O que são e como promovem a regeneração tecidual?

Leonardo Zanesco • 11 de outubro de 2024

Células Mesenquimais na Medicina Regenerativa


A medicina regenerativa utiliza as
capacidades do próprio corpo para promover regeneração tecidual, com as células mesenquimais desempenhando um papel crucial. Estas células, derivadas de tecidos como medula óssea e tecido adiposo, são classificadas como embrionárias ou adultas e têm a capacidade de se diferenciar principalmente em osteócitos, condrócitos e adipócitos. Outros nomes que costumam utilizar, muitas vezes de forma equivocada, para se referir às células mesenquimais são: células tronco estromais, células tronco mesenquimais e células mesenquimais estromais. 

Quer saber mais sobre o tema e como exatamente elas promovem a regeneração tecidual? Continue lendo.

Diferença entre Células Mesenquimais adultas e embrionárias


A classificação entre células mesenquimais adultas e embrionárias é baseada, em parte, nos
receptores de superfície celular e no nível de expressão gênica. As células embrionárias expressam altos níveis de marcadores de pluripotência, como Oct4, Sox2 e Nanog, indicando uma capacidade mais ampla de diferenciação. Já as células mesenquimais adultas expressam receptores como CD73, CD90 e CD105, enquanto não apresentam CD34 e CD45, característicos de células hematopoiéticas. Essa expressão restrita limita sua capacidade de diferenciação, mas também minimiza riscos, como rejeição imunológica e formação de teratomas.

Obtenção de Células Mesenquimais

As CMs podem ser obtidas de fontes como:

  1. Aspirado de Medula Óssea: Método clássico e com vasta evidência científica.
  2. Gordura Fragmentada: Técnica menos invasiva, utilizando lipoaspiração para obter fração vascular estromal.


Ação parácrina e regulação da inflamação


Um aspecto fundamental é que as células mesenquimais (MSCs) exercem grande parte de seus efeitos terapêuticos por meio de sinalização parácrina, em vez de diferenciação celular direta. Os sinais parácrinos, que compõem o chamado "secretoma", incluem uma série de fatores de crescimento, citocinas e microRNAs, que atuam na modulação da inflamação, promoção da angiogênese e regulação do ambiente imune local. Esses fatores são essenciais para controlar a resposta inflamatória, prevenindo tanto a inflamação excessiva quanto insuficiente, permitindo um ambiente adequado para regeneração tecidual. Além disso, a sinalização parácrina das MSCs influencia outras células residentes no tecido, como macrófagos e células endoteliais, modulando-as para uma resposta regenerativa. Essa interação entre as MSCs e o microambiente local é fundamental para seu sucesso clínico​.


Os mecanismos de ação parácrina são amplamente baseados na secreção de vesículas extracelulares (EVs), como exossomos, que transportam moléculas bioativas, como microRNAs e proteínas, para as células-alvo. Esses componentes regulam processos cruciais como a apoptose, proliferação celular e remodelação da matriz extracelular. Por exemplo, fatores angiogênicos como o VEGF e o FGF-2 são liberados para promover a formação de novos vasos sanguíneos, enquanto citocinas imunomoduladoras, como a IL-10 e o TGF-β, suprimem inflamações excessivas. Estudos demonstram que o uso do secretoma de MSCs, em vez de células inteiras, pode reduzir riscos associados à rejeição imunológica ou formação de tumores, tornando-se uma alternativa terapêutica promissora na medicina regenerativa​.


A regulação é mais importante que a diferenciação direta?


Pesquisas recentes sugerem que a ação reguladora local das CMs é mais significativa para a regeneração do que sua diferenciação direta em novos tecidos. O uso de células mais desdiferenciadas, como as embrionárias, poderia aumentar os riscos, sem oferecer maiores benefícios em termos de regeneração. O equilíbrio que as CMs adultas promovem entre controle da inflamação e regeneração parece ser o fator-chave para o seu sucesso clínico.


Que saber mais sobre a ortopedia regenerativa? Leia este conteúdo


Aplicações potenciais


As CMs têm sido exploradas em diversas áreas, incluindo tratamentos para lesões articulares, regeneração de tendões e cartilagem, além de pesquisas promissoras em cardiologia regenerativa e doenças autoimunes.


As duas principais situações em que são utilizadas na ortopedia, são:


  • Falha do tratamento conservador: Casos em que já há um grau de degeneração tecidual ou mesmo pequenas falhas (por exemplo, pequenas roturas parciais) e não é observado melhora após o tratamento convencional não cirúrgico.
  • Adjuvância ao tratamento cirúrgico: Acredita-se que associar as células mesenquimais durante o pós operatório auxilia na cicatrização dos tecidos e promove benefícios estruturais. São poucas, até o momento, as situações que temos evidência científica destas vantagens.


Ortopedia Regenerativa em São Paulo | Dr. Leonardo Zanesco


Se você está em busca de um ortopedista com
expertise em medicina regenerativa, sou o Dr. Leonardo Zanesco, formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Como cirurgião especializado em ombro e cotovelo, ofereço o mais alto padrão de cuidado, adaptado às suas necessidades.


Com um profundo conhecimento em medicina regenerativa e suas técnicas, minha prática é guiada pela confiança e pelo compromisso com os melhores resultados para meus pacientes.


Continue acompanhando o
blog e me siga no Instagram para ficar por dentro das novidades e avanços na medicina regenerativa e ortopédica.


infiltração guiada por usg
Por Leonardo Zanesco 22 de abril de 2025
A infiltração guiada por USG oferece mais precisão no tratamento da dor e inflamação. Descubra como funciona e quais os benefícios desse procedimento.
lesão bíceps distal
Por Leonardo Zanesco 16 de abril de 2025
Descubra como diagnosticar e tratar a lesão do bíceps distal, uma condição que pode comprometer a força e mobilidade do braço. Saiba mais sobre causas e tratamentos.
células mesenquimais na síndrome do manguito rotador
Por Leonardo Zanesco 9 de abril de 2025
Descubra como o PRP e as células mesenquimais na síndrome do manguito rotador ajudam na regeneração tecidual e no alívio da dor, oferecendo soluções inovadoras.
ruptura do peitoral maior
Por Leonardo Zanesco 2 de abril de 2025
Ruptura do peitoral maior: Conheça desde sintomas e causas até as melhores intervenções e tratamentos disponíveis para uma recuperação eficaz.
aspirado de medula óssea
Por Leonardo Zanesco 26 de março de 2025
Conheça as diferenças entre o aspirado de medula óssea e a gordura microfragmentada como fontes de células mesenquimais, suas vantagens e aplicações médicas.
ácido hialurônico e medicina regenerativa
Por Leonardo Zanesco 12 de março de 2025
Conheça a relação entre ácido hialurônico e medicina regenerativa. Conheça seus usos, benefícios e como podem transformar tratamentos articulares e estéticos.
Ombro estalando
Por Leonardo Zanesco 10 de março de 2025
Ombro estalando pode ser decorrente do atrito natural entre os tecidos, ou indicar problemas estruturais que exigem atenção médica. Entenda mais.
Instabilidade do ombro
Por Leonardo Zanesco 7 de março de 2025
Além disso, abordagens da medicina regenerativa, como a terapia com células mesenquimais e o plasma
plasma rico em plaquetas artrose
Por Leonardo Zanesco 27 de fevereiro de 2025
Descubra como o plasma rico em plaquetas (PRP) está mudando o tratamento da artrose, promovendo regeneração articular e alívio da dor.
Rotura do tendão do bíceps
Por Leonardo Zanesco 25 de fevereiro de 2025
Descubra sobre a rotura do tendão do bíceps: tratamento, causas e opções de recuperação. Saiba como retomar suas atividades com segurança.
Mais Posts